cada momento uma música, cada música um título, cada título um post...

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Red Hot Chili Peppers - My friends

Eu não sou muito de manter amigos. Os poucos que permanecem tem a vida costurada junto à minha. São pinturas em minhas paredes, são parte das minhas qualidades, impedem que meus defeitos se tornem ainda maiores. Tenho uma amiga, conhecida durante uma viagem. Nunca mais nos separamos desde então. O cheiro de cigarrilhas de chocolate sempre me lembra dela, mesmo que ela tomasse chá e eu bebesse cerveja. Somos opostas e moramos longe.Somos a melhor parte uma da outra.

Tenho uma amiga cuja distância nunca me assustou. Não nos vimos mais de quatro vezes, e hoje ela mora em outra cidade. Mas minhas tardes foram dela por muito tempo e sempre serão se ela quiser. Nunca soube o que a faz lembrar-se de mim apesar dos quilometros. E talvez seja melhor ela nem pensar nisso.

Tenho um amigo que vive muito. E provavelmente viverá bem mais que eu. O nariz empinado, a verdade nos olhos o manterão sempre jovem e incauto. As novelas mexicanas e videoclipes podem ter acabado, meu amigo, mas sempre haverá o boteco da esquina, um cantina da serra na sua casa.Sempre haverá meu ombro para os seus esbravejos.

Tive uma amiga que se foi. Pra outro estado, outro rumo, outra vida. Não nos conhecemos mais. Não nos lembramos mais dos acampamentos e dos relâmpagos. Não nos lembramos das conversas longas, dos capuccinos, dos filmes, dos dias em Brasília. Mas copiei sua letra uma vez e nunca mais fui eu mesma. Me tornei um pouco ela. E eu não me lembro. Mas tenho tanta saudade...

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Sabotage - No Brooklyn

Trabalho e faculdade. Tem vida mais idiota que essa? Não que eu esteja reclamando da minha sorte, estou careca de saber que existem piores. Mas é só isso? Acaba aqui? Acaba daqui a quarenta anos com uma coleção de dias repetidos? Trabalhando atrás de uma mesa cheia de papéis inúteis? A faculdade vai acabar e sinto que nada vai mudar de verdade. Não mudou quando acabei o colégio, quando meus pais se separaram, quando ganhei o campeonato de natação,quando levei meu primeiro fora.Tudo sempre na medida da responsabilidade, da pressão, da obrigação. Imprime aqui, grampeia de lá, aguarde mais um momento, senhor... Não lembro mais quando fui realmente feliz ou desleixada com minha própria vida. A conta de luz, o condomínio, o mercado, me engolem, me tiram os pedaços. O tédio me deixa azeda e ferina.Talvez eu deixe de existir, desapareça antes de ter alguma esperança de mudança.E eu, noite após noite volto pro Brooklyn menor, mais cansada e esqueço tudo por seis, no máximo sete horas. Porque quem dorme oito horas mora bem longe daqui.