cada momento uma música, cada música um título, cada título um post...

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Take the Box - Amy Winehouse

Eu segui um caminho diferente. Diferente daquela que pensei que estaria comigo durante alguns bons anos a mais... Ela refletia meus desejos, a menor de minhas vontades estava em seus olhos antes mesmo que eu pudesse concebê-la. Nossas músicas eram as mesmas, assim como nossos dias. O perfume dela combinava com o meu de forma incrível, sutil, fatal... E mesmo depois de tantas tardes de domingo juntas ela se foi.
Eu tentei impedi-la com meus olhares, mas eles não foram suficientes. Simplesmente não a impediram de entrar naquele avião e deixar tudo pra trás. Fiquei meses pensando sobre como tudo poderia ser diferente, se poderia ser diferente, se a alteridade no desfecho realmente valeria todo o esforço que eu, por vezes, estive prestes a empreitar...
E então hoje eu acordei mais leve. Acordei ao lado de uma pessoa que tem me cuidado e respeitado por todo o tempo que passou desde então. E que apesar de eu amar durante esse mesmo período hoje foi o dia de olhá-la mais de perto e com olhos bem mais lúcidos, sem a distração fútil de algo de poderia ter sido e simplesmente não foi. Em ocasião distinta e mais própria que esta, falarei ainda sobre essa segunda pessoa mencionada, que hoje é a primeira e única. O que tenho a dizer agora é: Special K, pegue a caixa. O que não restou de nós está dentro dela. E eu estou livre. Adeus.

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Close to you - The Cranberries

Hoje me lembrei de Paola ao me acordar. Me levantei, tomei banho, me vesti, e ao escolher os brincos que ia usar, minhas mãos alcançaram automaticamente os brincos que ganhei dela na mesma época do ano... cerca de quatro anos atrás.

Tenho certeza que ouvi a voz dela no caminho pro trabalho. Aquela voz aveludada a la Dolores O'Riordan, que começa doce e adquire força e beleza a cada nota. Paola é cantora. Escrevemos músicas juntas que nunca serão esquecidas por mim. Irônico é que a mesma música que tanto amamos a levou pra outra cidade, pra outra vida. Se Paola ler esse post vai me dizer: " então a música te salvou de não passar em outro vestibular, de ir estudar comigo e acabar indo pra casa com uma garrafa de vinho a mais e um conceito de equação a menos na cabeça"

A verdade é que me lembro de Paola nessa época do ano. Foi a época em que nos conhecemos, e foi a época em que nos despedimos. Geralmente ela me liga com mais frequência nesses meses. Parece que setembro é um daqueles portais para o passado. À medida em que fui percebendo que mês de setembro realmente me trazia surpresas e mudanças significativas em maior numero que os outros meses, ou pelo menos que aumentava a minha sensibilidade a esses acontecimentos comecei a esperar mais por seus telefonemas, Pa... Porque no final de setembro, quando o outono começa e tudo parece que vai acabar, quando a vida parece ficar mais triste, cinza e sem motivo para uma continuidade digna, eu sei que enfim o telefone tocará.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

You wouldn't like me - Tegan and Sarah

Eu vivo entre idas e voltas... Apesar de ser uma guerra viver assim, ainda não aprendi a fazer as coisas de forma diferente. Volto atrás em decisões, retomo relacionamentos fracassados e outros nem tão fracassados assim, escuto músicas repetidamente, teimo em usar aquela camiseta puída e desbotada tão frequentemente quanto possível só porque a elegi temporariamente minha favorita. E o "temporariamente" enfim surte efeito... e se parece que de seis em seis meses eu mudo de vida, de corpo, de círculo social, de namorada e de música favorita, não se engane: não é só impressão sua...
A vontade de ser uma pessoa só, não importa quantos semestres de idade eu tenha, tem-se tornado cada vez maior e mais latente... eu quero saber quem eu sou afinal! E pra isso eu tenho quer ser uma pessoa... não apenas estar...
Como diria Marina, minha primeira namorada: você pode ser tudo o que quiser, e ao mesmo tempo... não precisa ganhar um quadro de esquizofrenia apenas para ser exatamente o que agrada sua platéia naquele exato momento...
Marina sabia que eu adorava chamar a atenção. Não nego. Mas sempre achei esse meu modo de querer palquinho um tanto anti-convencional. Afinal eu sou uma garota de pouquíssimos amigos, que faz limpezas semanais nessa lista já tão enxuta, que tem a péssima mania de sumir quando estou namorando (com direito a pirlimpimpim e tudo). Eu devo ser esquizofrênica mesmo. Sem contar a bipolaridade...
A parte em que eu me arrependo do fato de descartar pedaços da minha vida com tanta facilidade não precisa ser descrita, não é? Acho que todos nós já entendemos.
Esse post é então dedicado à Marina. Que depois de dois anos de convivência comigo teve a coragem de me diagnosticar e ainda tentar ouvir meus protestos, mesmo diante do óbvio.
E é por isso que a música que dá nome ao post de hoje diz o mesmo que eu disse a Marina quando ela me pediu em namoro na primeira de quatro vezes.
Tempos depois ela me disse que eu errei feio।


Música: http://www.youtube.com/watch?v=G832VZv8k64

I Found a Reason - CatPower

Ontem assisti a um filme lésbico chamado Saving Face. Além de não ter o típico e trágico desfecho reservado aos filmes "dyke", tinha a densidade e a leveza de uma pelicula bem feita. E além da "saída do armário" protagonizada pela sapatinha, ganhamos, de quebra, um conflito cultural interessante.Foi durante esse filme que ouvi a música que dá título a esse post, cantada pelo Catpower, e tão triste quanto eu ando ultimamente. Parece uma confirmação de perda, um "chorar de leite derramado" em meio a uma súplica que evite o abandono tão iminente... e é tão doloroso escutá-la quando me percebo já abandonada

Música: http://www.youtube.com/watch?v=eNy_U--IZSE

Doll Parts - Hole

Confesso que escrevo isso de dentro de uma depressão consideravel. Ou pelo menos ainda não tive outra que superasse essa. Na verdade a frente de um ônibus em movimento nunca me pareceu tão atraente quanto hoje.Mas se sou uma lésbica deprimida, que eu pelo menos seja identificável: Meu nome é Laís, embora metade de Goiânia me conheça pela singela alcunha de "pequi". Sou sobrevivente desta alcunha , do meu modo de me vestir e da lembrança que algumas pessoas teimam em guardar da minha ex-banda-punk-decadente-de-garagem, que acabou há muito tempo em decorrência da mãe da baixista descobrir que eu, a guitarrista, e sua filha estávamos nos pegando há pelo menos seis meses.Apesar dessa banda ter me rendido metade dos grandes micos respeitáveis que acumulei até hoje, comecei a ter uma crise de saudosismo há cerca de duas horas. Peguei o que resta das gravações caseiras, boa parte se assemelhando à musica proveniente de uma lixadeira eletrica à todo vapor, e escutando a essa cadencia interminável de gritos e pancadas resolvi desabafar com um aparelho eletrônico. E aqui estou eu.

Música: http://www.youtube.com/watch?v=8M0EeJXznlQ