Tomo meu tempo.Penso duas, três vezes sobre o que estou fazendo e ainda assim não vejo as consequencias claramente. Toda minha vida foi assim. As regras não-escritas sempre pesaram mais sobre mim, mas ainda assim não foram e não são capazes de me afastar de alguns perigos.
Ah, essas doces distrações...o que seria de mim sem cada uma delas?
E enquanto eu vagueio entre meus pensamentos, aqui mesmo, nesse quarto, com a porta fechada, estou muito longe. À cerca de dois mil quilômetros daqui, pra ser mais específica. Não tenho nem vontades nem a ilusão de atravessar essa distância. Porque sei que quando eu chegar ao fim dela, tudo será infinitamente diferente das coisas que imagino agora mesmo. Com exceção do mar. Eu sempre poderei me consolar perto do azul imenso e imutável. E por maiores que as decepções possam ser ele sempre faz a travessia valer o esforço.
E não importa o que você tenha me dito. Tenho desacreditado a cada dia, de coisas que sempre me foram tão certas, justamente pelo rastro que suas palavras deixaram em minha pele, meus cabelos e meu olhar. Contradição: essa sou eu. Porque ao analisar essas pegadas tão tênues meu olhos voltam a refletir o azul profundo. E eu digo que vale a pena.