Eu estou me levantando. Cada dia que acaba e cada vez que deixo meu travesseiro rumo à rua, é uma nova odisséia. Com a cabeça pesada, ou os olhos ardendo por ter chorado boa parte da noite, ou mesmo não me lembrando onde deixei as chaves e os documentos, é um novo dia. São as mesmas pessoas e angústias, é o mesmo frio no estômago e as mesmas desculpas que eu espalho pelo escritório. São as mesmas lembranças doloridas e inacabadas, e ainda assim é um novo dia.
Eu troco as músicas do player, tento ler um novo livro. Finalmente aprendi a terminar pequenas tarefas, insignificantes relatórios, balanços, inventários. São novos, são apenas mais do mesmo, são minha ruína e minha redenção, são o ritmo dos meus passos dentro do supermercado, atravessando ruas, procurando a moto pelos estacionamentos. E eu me recolho. Ao fim do dia, à minha insignificância, ao pôr-do-sol que não há hoje, nem nunca mais acontecerá.
Eu me encontro, na palavra de quatro letras que quase me destruiu.
Eu me encontro em um alguém diferente, inadvertido e cálido.
Eu me encontro na certeza que posso tomar mil chuvas, e que todas elas serão distintas, mesmo que caiam sobre o mesmo caminho de todo-santo-dia.
Eu estou me levantando. Deixando para trás e, ainda assim, para adiante tudo o que foi tirado de mim e tudo do que eu me privei.
Tudo é o de sempre. Tudo é tão diferente!
E nem as dores precisam ser idênticas.
Adeus.
cada momento uma música, cada música um título, cada título um post...
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
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